Não falarei da dor
Dizer é...
Demasiado perigoso
Nem dessa angústia
Serei silêncio, e só
Pés na terra, firme
Até que o cheiro da chuva
Cante com o vento
Então poderei falar
Sobre os dias sonhados
E de todas as manhãs
Que o café fresco
Acordou a coragem
Tem uma fenda dentro do peito
Costurada com minha voz
Se eu gritar tudo escorre
Todas as lágrimas represadas
Na pressa para fazer a janta
Serei silêncio, e só
Nos dias....
Olho sempre para o alicerce
Com todas as suas raízes
Os telhados ficam longe da terra
Céu é lugar da lua, do sol
Das pessoas que lavram a palavra
E daqueles passarinhos que acordam
Uma existência inteira, em bando
Me botaram para quarar cedo
E desaprendi a parar por gosto
Faz tempo que tento achar a cor certa
Aquela que garante que existo
Entre os varais, e as pilhas de louças
Já falei tanto no meio da lida
Que faltou fôlego para cantar com pássaros
Um dia a areia me contou sobre o silêncio
E fez tudo que não foi fazer sentido
Se demorar para chover
E o vento não cantar
Vou para o colo de uma árvore
Ela também sabe a importância
Do silêncio, e tem muito para falar
Shirlei do Carmo
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