segunda-feira, 26 de julho de 2010

Fatos serão sempre fatos

Parece que algumas palavras tornam a vida mais bela, deixam um ar de quietude e permitem aos sonhadores acreditar, mas tudo isso é ilusão.
Fatos contam mais do que palavras...
Quando alguém diz que te ama, é possível que a pessoa em questão acredite nisso mas e suas atitudes, elas correspondem ao que foi dito? Pensei em algumas frases populares muito sábias por sinal, uma delas:
 "Amor só de mãe!"
Pensei no que realmente isso quer dizer, mãe é aquela que cuida, proteje, acompanha, incentiva, acredita, compartilha, vê beleza onde outros nem descofiam que ela exista, compreende, respeita, ensina.
Até agora não me deparei com um relacionamento de casais que consiga reunir todas estas qualidades, se é que dá para nomear assim.
Ações gritam alto, palavras voam com o vento.
Pessoas fortes são analisadas por suas atitudes diante das situações cotidianas, nem sempre suas palavras correspondem ao que sentem, mas suas ações deixam carimbado no ar que habitam a essência do que realmente são.
Ser capaz de organizar a própria vida não significa ausência de medo, necessidade de amparo, não existem pessoas auto-suficientes.
Perguntas que não calam...
As ações das pessoas que me cercam são pautadas em que sentimentos?
As palavras que escuto são verdadeiras ou apenas um emaranhado de letras cantadas para seduzir meu coração?
Tenho direito de julgar? Como será que me julgam?
Que imagens posso ler nas cenas do cotidiano?
Os fatos, que palavras me dizem? E as palavras correspondem aos fatos?
No meio de um labirinto de palavras me perco, escuto o som que emitem, esbarro nos muros dos fatos, e a névoa que antes se dissipava agora é densa.
Um não pode vir vestido de descaso, e nem precisa da pronúncia para deixar claro que ele existe.

Mais perólas da sabedoria popular...
"Quem ama cuida!"
"Só percebemos o valor da água depois que a fonte seca."
"A palavra vale prata, o silêncio vale ouro!"
"Mais vale um pássaro na mão do que dois voando."

terça-feira, 20 de julho de 2010

Dia 20 de julho

A postagem de hoje é uma homenagem, uma amiga muito especial passa a ser mãe, ser tão pleno que carrega força e fragilidade dentro do mesmo coração.
Fabi não posso estar perto, a vida capitalista, o excesso de responsabilidades me impedem de estar fisicamente ao seu lado, mas fiz minhas orações e continuarei a fazê-las para que tudo ocorra bem.
Parabéns pela dádiva que alimentará em seu peito e embalará nos seus braços.
Seja bem vinda Maria Luiza, o mundo te aguarda cheio de amor e aprendizado!!!

O dia 20 também é o dia do amigo, e quando algo acontecer e não for possível conter as palavras, lágrimas ou sorrisos a melhor coisa a se fazer é buscar um amigo, pode ser aquele de todos os dias, ou os que ficam distantes prontos para reaparecer no momento necessário, mas o que é fundamental é ter amigos, não importa a quantidade ou a localização, o que realmente importa são os sentimentos ofertados.

sábado, 17 de julho de 2010

Bordados, tecidos, linhas e o tempo.

    Separei algumas caixas, abri com cuidado e resgatei do passado planos abandonados, coisas que me encantaram e por algum motivo precisaram ser guardadas, revirando tecidos, agulhas, aviamentos e linhas descobri mais do que esperava. Engraçado como alguns objetos conversam com o dono, relembram conversas, aquelas que temos com quem não pode verbalizar uma resposta esperando que a pronúncia seja interna.
    Me deparei com um tecido de etamine, já embanhado, com boa parte do bordado  adiantada, dobrado dentro de um saco plástico, as meadas de linha também estavam juntas e uma agulha sem ponta própria para bordar já enferrujada pelo tempo, observando os materiais tentei imaginar quais motivos me levaram a abandonar um trabalho quase pronto.  Foram necessários alguns minutos para relembrar a época em que foi começado, foram dez anos de repouso dentro do saco plástico até o reencontro.
    Segurei o tecido, deslizei os dedos pelas linhas já incorporadas na trama, o toque me remeteu ao passado, agora sabia o motivo de estar ali, frente ao companheiro de longas noites de insônia...Quando não se sabe o caminho para resolver alguns problemas uma forma de descobri-los é ausentar-se, pesquisar as causas e pensar.
     Cada ponto traçado naquele tecido amarelado pelo tempo tinha um sentido, e hoje desperto após anos de sobrevivência me serve de abrigo, retorno ao ir e vir de linhas, tento novamente resgatar algo que cabe somente a mim.
    Terminei o bordado, foram dez anos esperando para fechar um ciclo, iniciarei outros, espero conseguir terminá-los em menor tempo.
    Organizar minhas caixas,  me organizar por dentro, ficar com o que é realmente necessário, ter coragem para me disfazer do que não cabe mais apesar do apêgo, concluir o que foi começado, escolher com racionalidade o que será feito para não buscar o que não posso ter.  Bordar, mergulhar no meu avesso e ver o que escondo até de mim, lembrando que os pontos devem ser firmes, contados, precisos e que ao terminar uma peça pode-se começar outra.
    Descobri porque os guardei por tanto tempo, antes não era necessário abrir aquelas caixas para  trazer-me de volta.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Raízes

   Outro dia conversando com minha mãe descobri que ela havia enterrado meu umbigo embaixo de um pé de ameixa que existia no quintal da minha casa. Não sei bem ao certo de onde vem este costume, mas reza a crença que onde o umbigo é enterrado a pessoa cria raízes.
   Quando paro e me imagino longe da minha casa me sinto desconfortável, acabo sempre voltando.
   Olho as árvores e me sinto tão próxima, somos parecidas em alguns pontos, temos necessidade de chão firme para ter segurança, não nos incomodamos em doar frutos, mas tem que saber esperar a florada, e entender o período de deixar cair as folhas.
   Uma vez um colega me disse que eu me comportava como um carvalho, fiquei dias pensando na comparação dele e fui obrigada a questionar, a explicação entrou nos meus ouvidos como facas afiadas, quase me quebrando, ele tinha razão em muita coisa, desde então tenho tentado me curvar como junco, mas é árduo lutar contra a própria natureza.
   Não sei ser errante, me dói a incerteza, preciso de terra, água e luz, tudo no seu devido lugar.
   Deixo as incertezas para a minha mania de sentir, ressentir e esquecer, como água que entra pelas raízes, percorre o tronco, dança nas folhas e evapora, some, assim como chega se despede, sem maiores avisos ou cerimônias.
   De resto preciso de certezas, para não ficar maluca e perder as folhas na época errada.

domingo, 11 de julho de 2010

Tristeza na poesia

Tem gente que chora quando fica triste, busca abraços, remexe as caixas do passado, rasga mensagens que o tempo transformou em papel amarelado, rabiscos sem sentido. Tem gente que se tranca no quarto escuta suas músicas preferidas, come muito chocolate e fica em silêncio tentando ouvir sua própria voz.
Também sou dessas pessoas, mas tudo isto não me basta, preciso das palavras, busco na poesia a voz que não ouço no meu silêncio.
Devoro as palavras, preencho o vazio com o sentir que a poesia é capaz de despertar.
Não sei ser triste, me falta capacidade de saber entristecer, é algo que me visita, e tão logo chega já vai se despedindo...Deve ser fruto da minha natureza inconstante.
Na poesia descubro caminhos, percorro cenários, desfaço meus castelos de areia e deixo o vento se encarregar de transformar a paisagem.
Me falta disciplina para ser realmente triste, intensa no sentir, distraio-me na ironia, no sarcasmo voraz.

Soneto da separação



"De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.


De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.


Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente."


Vinícius de Moraes

Parabéns pelo BELO futebol!

ISSO É MUITA SABEDORIA

"Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer."

Clarice Lispector

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Parece mar

Que imensidão é essa?
Tão vasto, de horizonte distante...
Que sensação é essa?
Uma saudade que nem sei ao certo do que sinto falta...
Seriam simples as conclusões não fosse tudo tão intenso como ondas no mar que oscilam nas marés, passam pela costa e terminam na areia, espumantes numa dança de ir e vir sem fim.
E esse frio que percorre o corpo, como a água que toca a ponta dos dedos e brinca na pele sem dar-se conta do poder que tem... Sensações confusas, que dançam na minha cabeça, em ondas que mantém um ritmo lento, pertubadoras e necessárias, sem elas a dança das marés deixaria de existir e minha saudade do que desconheço também.
Trata-se de ver o mar a minha frente, descobrir a profundidade, extensão e os perigos que posso encontrar.
Seria uma canoa com remos pequenos, á deriva numa manhã de sol  acompanhando o passar das horas entregue ao acaso enquanto os braços descassam exaustos de tanto tentar direcionar para um caminho incerto.
Seria uma gaivota sobrevoando a costa, compondo a paisagem sem ao menos tocar a superfície, contemplar é sua missão, e entregue ao sabor do vento tocar com as asas o que os olhos não podem ver.
Seria apenas espuma, água e sal numa mistura, num caminhar sobre pedras e areias, com destino certo de sumir na praia depois de tanto viver e sentir.
Seria uma mulher que se confunde com o cotidiano, e suas repetições que questionam tanto o sentir tornando o alheio tão fascinante.
Seria apenas eu, não fosse o fato de tantos existirem, seres de carne e osso, e outros que habitam o meu querer projetados num mundo tão belo e inalcansável.
Seria qualquer coisa... Mas tudo parece mar, num ir e vir sem fim!

Shirlei

sábado, 3 de julho de 2010

Alegria

Passei as últimas semanas torcendo pela seleção brasileira, contente por ter um momento em família para fazer algo juntos, mas o Brasil perdeu, porém ainda sobram algumas alegrias, assistir o belo jogo da Alemanha contra a Argentina, e os 4 gols para lavar a alma de muitos torcedores como eu que já estavamos cansados da marra do brilhante treinador deles.
Alegria continua, agora é acompanhar os jogos da Copa e torcer para os times bem preparados que conseguiram chegar as semi-finais.
O Brasil perdeu, mas a Argentina também, então está tudo tranquilo, sentirei falta da fúria do Dunga, das encenações do Maradona, mas o que há de se fazer!?!