Outro dia conversando com minha mãe descobri que ela havia enterrado meu umbigo embaixo de um pé de ameixa que existia no quintal da minha casa. Não sei bem ao certo de onde vem este costume, mas reza a crença que onde o umbigo é enterrado a pessoa cria raízes.
Quando paro e me imagino longe da minha casa me sinto desconfortável, acabo sempre voltando.
Olho as árvores e me sinto tão próxima, somos parecidas em alguns pontos, temos necessidade de chão firme para ter segurança, não nos incomodamos em doar frutos, mas tem que saber esperar a florada, e entender o período de deixar cair as folhas.
Uma vez um colega me disse que eu me comportava como um carvalho, fiquei dias pensando na comparação dele e fui obrigada a questionar, a explicação entrou nos meus ouvidos como facas afiadas, quase me quebrando, ele tinha razão em muita coisa, desde então tenho tentado me curvar como junco, mas é árduo lutar contra a própria natureza.
Não sei ser errante, me dói a incerteza, preciso de terra, água e luz, tudo no seu devido lugar.
Deixo as incertezas para a minha mania de sentir, ressentir e esquecer, como água que entra pelas raízes, percorre o tronco, dança nas folhas e evapora, some, assim como chega se despede, sem maiores avisos ou cerimônias.
De resto preciso de certezas, para não ficar maluca e perder as folhas na época errada.
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