domingo, 30 de maio de 2010

Meu silêncio

Quantas coisas pra dizer, mas o que faço se o que posso agora é apenas calar?
Quantas certezas para ter, mas o que faço se nem sei por onde começar?
Esses olhares que confundem, estas palavas que afastam, estes descaminhos que reforçam o receio.
E as escolhas, como fazê-las se nem sei pensar em viver sem a dúvida?
Bastariam  abraços em silêncio pra sentir o calor da pele e a pulsação dos corpos entrelaçados, e em segurança esperar para ouvir e quem sabe dizer, mas neste momento a calmaria pertuba, questiona se estamos mesmo ali ou se é tudo projeção, loucuras inventadas pela solidão de quem não sabe querer ter.
Perdida no silêncio que é nosso... vejo tanto que as imagens me pertubam, cansam a vista e ás vezes afastam, num ir e vir sem fim. Que vício é esse de ser só?
Poderia prever o dia seguinte e treinar as falas antes do encontro, mas não dá pra viver o que não existe, e tudo fica como deve ser no campo das projeções.
Me envolvo no silêncio e crio uma armadura, armadilha, proteje e acorrenta...
Poderia ouvir tanto, e dizer sem censura o que sinto e não sei mostrar, mas perdida no meu mundo só, espero o romper dos raios para que movida pelo medo possa ter a coragem de correr e gritar sem receio de como irão me compreender.
Preciso do meu silêncio, protejo-me nele.
A lua está no céu e brilha com seu ar inocente e envolvente, os amantes se tocam ao som das canções escolhidas, mãos percorrem corpos e edentram o íntimo, abrem-se as portas para a alma e todo movimento é ritmado pelo sentir, mas por que ainda só se ouve o silêncio embalado pelas respirações ofegantes e pelo cair dos corpos exaustos?Na cidade muitos dormem, outros fecham os olhos e viajam por mundos sem levar ninguém, e tudo é só silêncio...Bastariam algumas palavras para derrubar os muros, mas elas nunca são ditas e o tempo passa deixando no ar o sabor da desconfiança.
Amanhece e o sol nasce em seu esplendor como se nada ocorresse na noite anterior, é tudo passado...Mas ele continua lá cortando a carne e marcando os corpos, e neste calar sem fim muito se perde, vão as cores, os cheiros, sabores e sensações, ficam só as lembranças do encontro em silêncio dos amantes que não sabem se entregar ao sentir.

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