Agora volto, cheia de alegria, inspirada...
Outro dia caminhei ao anoitecer e senti o vento frio tocar meu corpo, era quase um abraço, sensação de fazer parte e ao mesmo tempo de entrega ao seu sabor, voar sem sair do chão, estava acompanhada e mergulhada num silêncio tão bom.
Olhar o vento, sim eu vi, minha pele via, meu coração também e mesmo as belas luzes da noite paulista, o barulho dos carros e pessoas que circulavam, o manter o caminhar e carregar os pacotes que me acompanhavam, nada impedia a visão, era o vento...lindo, poderoso, prazeroso.
Meus olhos estavam abertos, tinham a função de guia, mostravam o percurso e nada mais, naquele momento só via o vento, o resto era só manter a marcha.
O espelho está colorido, flores amarelas e azuis saltam no tecido vermelho, folhas verdes aqui e acolá, no meio vejo além, meu rosto modificado pelo tempo, ás vezes percebo que cresci, outras que regredi e brinco com meus cabelos esticados, minha pele de vento, meus olhos de cão cativo, danço no ritmo das imagens e enxergo o que não via antes...
Não estou pronta, não queimei a argila da minha alma e posso molhar o barro e modelar novamente!
Percebi que sou meio marron terra, amarelo polén, vermelho sangue, preto noite, branco lua, azul céu, verde folha, é tudo assim muito misturado, tenho cor de aquarela.
Achava que possuia meu corpo, mas me enganei, sou do vento, bastou ele soprar e me entreguei, mas o vento ele passa tão rápido que nem pude acompanhar.
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