quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Insônia

No auge da minha agitação, me falta serenidade para dormir, o corpo apresenta os sinais do cansaço, minha cabeça ferve e nada se encaixa.
Tantas perguntas, respostas desencontradas, pensamentos nocivos, memórias doloridas e buscas que não consigo controlar. Reli minhas postagens e fico perplexa com minha inconstância de pensamentos e sentimentos...Admiro pessoas centradas, mas não sou assim.
Raul Seixas fica cantarolando Metamorfose Ambulante dentro da minha cabeça, será que ele também ficava sem dormir por não saber controlar a intensidade do seu pensar?

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Saberes

Tantos passos, caminhos e descaminhos... Saberia escrever sobre cada um, mas me foge a sabedoria de entender tanta coisa. Sou pequena diante de tanta informação, e por mais que me esforce ainda me confundo com o que deveria estar claro.


Algumas nuvens são assim, densas que chegam a impedir a passagem limpa da luz solar, e o vento acaba tomando conta, por mais que se saiba que o sol está lá, a sensação de frio é muito mais forte do que a razão.


São ondas de sensações tão perturbadoras que desequilibram tudo em volta, fazem crenças serem substituídas pelo desejo do risco, tantos sabores que fica difícil distinguir o que é real do que se deseja tanto.


Tenho dificuldade para absorver informações desencontradas, acredito em fatos, ações que expressam sentimentos, naturalidade conta mais que premeditação. Quando existe um planejamento prévio sua diretriz é a razão, e ela não é tão encantadora assim, emoções são mais sedutoras.


Em alguns sonhos me imagino flutuando num céu de azul sem fim, tomada pela cor, com roupas esvoaçantes e olhos perdidos no tempo, corpo quente, roupas frescas, sons da natureza, misturando água mansa seguindo seu rumo, folhas dançando uma valsa alegre e harmônica, pássaros sussurrando baixinho um canto de versos simples, mas incrivelmente belos. Queria transportar esta sensação de calmaria para minha cabeça, deixar lá guardadinha para me confortar cada vez que lembrar as decepções que já vivi.


Era tão fácil quando a falta de informação me propiciava ser leve, bastava arriscar e pronto, sem culpas, sem medos. Saber é um fardo difícil de carregar, e ainda não sou habilidosa pra mentir, não sou boa na arte de encenar.


A vida poderia ser um grande baile com chapelaria na porta onde cada um escolheria o que gostaria de deixar guardado enquanto dança para ficar de mãos limpas, perder a noção do tempo sem remorsos.


Com o passar do tempo venho descobrindo o quanto sou ignorante, quanto mais descubro vejo que vai me faltando habilidade pra digerir tanta informação, me sinto ingênua um tanto crua diante de tantos emaranhados de ações e palavras.

É tanto sentimento que ás vezes dá medo de estar inventando realidades paralelas onde só minha idéias são reais.

domingo, 3 de outubro de 2010

Borboletas

    Asas que batem silênciosas, coloridas e vivas, corpo delicado e pequeno. Olho as borboletas e penso...Que caminhos seguistes até chegar aqui? Sua vida de lagarta foi suficiente pra te dar tanta beleza? Sabes o tempo que lhe resta? Desconfias do encantamento que causa? Como seria a natureza sem estas pequenas fadas, intensas e finitas? És mesmo mensageira, capaz de anunciar revelações de segredos? O que embala esta dança que encanta os olhos e espalha fertilidade?
    Instantes, são necessários poucos segundos pra se encantar, e ela parte, deixando a sensação de leveza e o polén misturado anunciando novas sementes. Que simbólica esta existência, talvez por isto seja tão breve a sua passagem, plenitude não pode durar pra sempre, perde o sentido, passa a ser comum.
    Passo a vida como lagarta, trabalho diário, busca insessante por uma metamorfose que ainda não sei despertar, me falta talento pra permanecer pulpa, quieta e adormecida. Devoro folhas na vida com uma fome que não sei como nasce e nem mesmo quando cessará.
    Como assumir que é mais fácil ser lagarta? Justificaria pelo medo de partir, pela dúvida do novo, mas no fundo compreendo que é seguro dentro da casca, a essência da lagarta e da borboleta é a mesma, o que muda é a forma de agir.
    Momentos felizes existem como as borboletas, devem apenas ser vividos, breves e marcantes, entrar na alma e expandir até não caber mais no corpo, transbordar no universo, abrir as asas e derramar beleza em volta, sem pensar no tempo. Tudo é tão breve que cada segundo de exitação pode valer voltar pra pulpa e ficar sem descobrir até onde os sentidos podem ir.

    A vida é como um rio que segue seu curso, caminha para o mar, horas na seca ou na cheia, podem haver curvas, difentes terrenos de solo inóspitos ou férteis, mas no fim tudo vira uma coisa só, é preiso dançar nas ondas para descobrir o porquê do caminho.

    Tento viver o hoje, numa ansia de saber voar, mas me falta calma pra ser tão leve, são breves os instantes de bater asas, de seguir o curso da vida sem receio. Só me resta a certeza da finitude dos momentos, do descontrole do sentir, e da existência do destino. Não adianta adiar, um dia o rio se tornará mar e dançará nas ondas.