domingo, 3 de outubro de 2010

Borboletas

    Asas que batem silênciosas, coloridas e vivas, corpo delicado e pequeno. Olho as borboletas e penso...Que caminhos seguistes até chegar aqui? Sua vida de lagarta foi suficiente pra te dar tanta beleza? Sabes o tempo que lhe resta? Desconfias do encantamento que causa? Como seria a natureza sem estas pequenas fadas, intensas e finitas? És mesmo mensageira, capaz de anunciar revelações de segredos? O que embala esta dança que encanta os olhos e espalha fertilidade?
    Instantes, são necessários poucos segundos pra se encantar, e ela parte, deixando a sensação de leveza e o polén misturado anunciando novas sementes. Que simbólica esta existência, talvez por isto seja tão breve a sua passagem, plenitude não pode durar pra sempre, perde o sentido, passa a ser comum.
    Passo a vida como lagarta, trabalho diário, busca insessante por uma metamorfose que ainda não sei despertar, me falta talento pra permanecer pulpa, quieta e adormecida. Devoro folhas na vida com uma fome que não sei como nasce e nem mesmo quando cessará.
    Como assumir que é mais fácil ser lagarta? Justificaria pelo medo de partir, pela dúvida do novo, mas no fundo compreendo que é seguro dentro da casca, a essência da lagarta e da borboleta é a mesma, o que muda é a forma de agir.
    Momentos felizes existem como as borboletas, devem apenas ser vividos, breves e marcantes, entrar na alma e expandir até não caber mais no corpo, transbordar no universo, abrir as asas e derramar beleza em volta, sem pensar no tempo. Tudo é tão breve que cada segundo de exitação pode valer voltar pra pulpa e ficar sem descobrir até onde os sentidos podem ir.

    A vida é como um rio que segue seu curso, caminha para o mar, horas na seca ou na cheia, podem haver curvas, difentes terrenos de solo inóspitos ou férteis, mas no fim tudo vira uma coisa só, é preiso dançar nas ondas para descobrir o porquê do caminho.

    Tento viver o hoje, numa ansia de saber voar, mas me falta calma pra ser tão leve, são breves os instantes de bater asas, de seguir o curso da vida sem receio. Só me resta a certeza da finitude dos momentos, do descontrole do sentir, e da existência do destino. Não adianta adiar, um dia o rio se tornará mar e dançará nas ondas.

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