Queria poder dividir o fardo, mas escrever ainda é uma forma de aliviar a tensão...
Não me acostumo com a falta de amor, com o descaso, o abandono.
Aqueles olhos brilhantes e o sorriso franco me cortam a alma, tão pequena e devastadora no seu sofrimento e ainda capaz de sorrir. Que mundo é este que permite tanta crueldade?
A água turva que escorria naquele banho lavava a sujeira e aliviava o calor, mas também gritava socorra-me.
Cada ferida na pele lembrava-me que as cicatrizes são bem maiores por dentro.
Mãos tão pequenas encobertas pela poeira acumulada, pés pretos que carregam uma história que ela nem sabe contar.Tudo fica emaranhado, como aqueles cabelos finos tomados pelos piolhos e carrapatos, feridos na raíz.
Nada que meus olhos já viram me fragilizaram tanto. Como se recebesse chibatadas a cada afago que recebia por me sentir tão incapaz.
Um ciclo vicioso, de desamor, de caminhos tortuosos que tantos passam e outros tantos veem e se compadessem mas continuam seu caminhar alheios uns dos outros.
E por dentro da minha casca me deparo com sentimentos tão confusos, estou cansada e perdida, cada passo demora tanto.
Queria poder tanto, mas o alcance das minhas mãos é tão pequeno...
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