domingo, 5 de setembro de 2010

Preferências

E bastava dizer que os mundos não se encontrariam, que as mentes não se sintonizam, mas tudo é dito de forma sutil e fica quase impossível ler diante de tanto receio de se mostrar, quem sabe o que habita atrás daquelas palavras tortas.
Cada olhar que escapava deixava um cheiro de jasmim no ar, tão leve que confundia dava esperança, seria medo ou incapacidade de sentir, e no jogo de gato e rato chegava a hora de abater a presa.
As preferências dela já esquecidas, guardadas nas gavetas longe dos olhos e da poeira que cobria sua alma tão cansada de desiludir-se, restavam fatos coisas que seus olhos fotografavam, imagens que se repetiam nos sonhos cada dia mais raros.
Num despertar repentino olhou-se, viu que restava encanto, que seu corpo  abrigava calor, que seu caminhar ainda era uma dança, que a platéia  estava lá, era só a poeira do seu não fazer que a impediu de ver os que a olhavam, foi preciso alguém gritar, rubrar seu rosto para que se descobrisse flor recém desabrochada, explendida, desejada.
Esquecera as palavras mornas, ouvia o arder da platéia, mas não queria ser diva  bastava ser humana, entretanto carecia daquele calor, fazia frio há tanto tempo...
Seu cansaso com a espera, foi substituído por um desejo alucinado de ser  livre, Frida khalo com pincéis na mão, muitas Marias com poeira nos pés, e nada do que fosse dito poderia fazê-la retroceder. As palavras não eram mais sua busca, cansara-se de esperá-las.
Não haveriam naves para resgatá-la, nem cavaleiros empunhando espadas, seriam passos na estrada, caminho definido, mesmo com frio na barriga ela não olharia para trás, estava convencida e demorou tanto que seria um pecado retroceder.
Nas suas fases de Lua encontrava-se nova, alguns poderiam vê-la durante o dia brilhando, outros notariam sua ausência durante a noite, mas ela sabia que o momento é de seguir para a fase crescente, ir aos poucos mas sem paradas, as preferências agoram eram só suas.

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