quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Plantio

Já fui menina e ajudava minha mãe a catar feijão, separava pedrinhas e bandinhas, grãos enrugados, os mais bonitos iam para panela. Com seis anos já entendia bem essa história de aparência, mas também insistia na fertilidade dos que sobravam e jogava num cantinho de terra só para ver no que iriam dar, talvez uma plantação de feijões partidos, brotinhos para me encantar. Cresci no meio dessa fertilidade, minha mãe diz que tenho mão boa para plantar, pode ser, até na laje dá...  Acabaram os feijões, ficou isso aqui, nem sei se reconheço, as vezes vira rima, outras chuva-lágrimas, semeei um tanto oco, logo nasce eco.

Shirlei do Carmo

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