sexta-feira, 2 de abril de 2010

DESPEDIDA

"Por mim, e por vós, e por mais aquilo



que está onde as outras coisas nunca estão,


deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:


quero solidão.






Meu caminho é sem marcos nem paisagens.


E como o conheces? - me perguntarão.


- Por não ter palavras, por não ter imagens.


Nenhum inimigo e nenhum irmão.






Que procuras? Tudo. Que desejas? - Nada.


Viajo sozinha com o meu coração.


Não ando perdida, mas desencontrada.


Levo o meu rumo na minha mão.






A memória voou da minha fronte.


Voou meu amor, minha imaginação...


Talvez eu morra antes do horizonte.


Memória, amor e o resto onde estarão?






Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.


(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!


Estandarte triste de uma estranha guerra...)


Quero solidão"
 
Cecília Meireles

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